A regulamentação que entraria em vigor apenas em janeiro, foi antecipada, e empresas que não pediram a regulação terão que deixar de operar a partir de outubro, apesar da cobrança de impostos e taxas ter sido mantida para o ano que vem. “A busca por atendimento na área de saúde mental e a prevalência de transtornos associados ao jogo aumentam à medida que essas formas são legalizadas e as possibilidades de aposta crescem”, afirma o psiquiatra Daniel Spritzer, do Hospital Psiquiátrico São Pedro, em Porto Alegre. Ele integra um grupo de trabalho da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o uso problemático de jogos digitais e coordena no país o Grupo de Estudos sobre Adições Tecnológicas (Geat).
Jogos de aposta são um problema de saúde pública, diz neurocientista
Ele tem um plano, por exemplo, toda vez que ganha dá uma quebrada de munheca, uma assoprada nos dados, faz alguma coisa e consegue o resultado, ou seja, tem uma ilusão de controle”, resume o especialista. Nesse cenário, as consequências tendem a ser extremamente nocivas, como a ocorrência de overdose no caso de compostos ilícitos e o rombo financeiro diante do jogo desenfreado. Outro ponto importante envolve a dopamina, neurotransmissor relacionado à sensação de bem-estar liberado quando estamos diante de atividades agradáveis. A substância, que atua na modulação da informação, também tem relação com aquilo que é relevante e potencialmente gratificante. De acordo com o psicólogo Marcelo Matias, de São Paulo/SP, detectar os sinais precocemente é fundamental. “Muitas vezes, as pessoas têm dificuldade em reconhecer que estão enfrentando um problema até que as consequências já sejam severas.
As oito restantes são indicações de sinais e comportamentos de risco a que devem ficar atentos os próprios apostadores. Embora esses jogos possam ser uma forma de entretenimento legítima, é crucial que os apostadores estejam cientes dos riscos envolvidos e tomem medidas para proteger sua saúde mental. O reconhecimento precoce dos sinais de comportamento problemático e a busca por ajuda profissional são passos fundamentais para garantir que o jogo permaneça uma atividade segura e controlada. A dependência das casas de apostas virtuais pode ser um mecanismo de fuga para lidar com problemas pessoais, emocionais ou sociais. Essa situação pode agravar questões como ansiedade, baixa autoestima e depressão, criando um ciclo vicioso que é difícil de romper sem assistência profissional. Países como Estados Unidos, Alemanha e Argentina também estão enfrentando o desafio de regulamentar e lidar com os efeitos negativos das apostas online.
SAÚDE MENTAL
O governo estuda medidas para restringir essa prática, sem prejudicar os beneficiários. A ideia é encontrar um equilíbrio para evitar o uso indevido do benefício, respeitando os direitos dos cidadãos. Além disso, uma lista atualizada de 93 empresas e 205 marcas autorizadas a operar no país foi divulgada. O governo também editou dez portarias que tratam de aspectos como proteção ao apostador, monitoramento das atividades e questões técnicas relacionadas à operação dessas empresas. A forma como se encara o jogo é primordial para manter uma relação saudável com as apostas. Deve-se encarar todo e qualquer jogo de cassino ou aposta esportiva como um passatempo, uma forma de se divertir, e não de ganhar dinheiro.
Impulsionado por aplicativos de fácil acesso e pela estética sedutora das redes sociais, esse universo cresce em ritmo acelerado, alimentado pela promessa de dinheiro rápido e transformações instantâneas de vida. O que parecia ser entretenimento virou fenômeno social — e, com ele, vieram os vícios, o endividamento e o sofrimento psicológico. No entanto, o aumento do acesso às apostas acende um alerta para os riscos da dependência.
A falta de investimento em cultura, lazer e espaços públicos gratuitos nas periferias e comunidades de baixa renda limita as opções de prazer e entretenimento para a população. Em contraste, os bairros de classe média alta contam com maior oferta de atividades culturais e de lazer. Essa disparidade agrava a vulnerabilidade das camadas populares ao vício em apostas online, que se torna uma das poucas alternativas acessíveis de escape da rotina estressante. O contexto social e tecnológico facilita o acesso a atividades com potencial viciante, como as bets.
Impactos no cérebro
Pessoas emocionalmente vulneráveis ou com histórico de traumas são mais suscetíveis ao vício, utilizando o jogo como uma fuga temporária de seus problemas. Entretanto, essa fuga acaba resultando em uma piora significativa em sua saúde mental, com sintomas de ansiedade, depressão e comportamentos impulsivos. Um módulo específico do Lenad III avaliou a frequência e o impacto dos jogos de apostas no país. Um dos fatores que contribuem para isso é a percepção de controle que as apostas site oficial do jogo do dragãozinho esportivas oferecem. Diferente de outros jogos de azar, como roleta ou caça-níqueis, em que o resultado depende exclusivamente da sorte, nas BETS muitos acreditam que seu conhecimento esportivo pode garantir vitórias consistentes. Essa ilusão de controle faz com que muitos apostadores tentem recuperar perdas financeiras, o que muitas vezes acaba agravando os problemas emocionais.
Além do impacto psicológico, o vício em apostas esportivas online também traz sérias consequências financeiras. Pessoas com menor renda são as mais afetadas, muitas vezes comprometendo suas finanças pessoais e familiares em busca de recuperar o que perderam nas apostas. Esse ciclo de perdas e tentativas de recuperação financeira gera endividamento, problemas com crédito e até falência. Tratamento e recuperaçãoPara aqueles que estão lutando contra o vício em apostas, o tratamento pode envolver uma combinação de terapias psicológicas, grupos de apoio e, em alguns casos, medicação. Benevides destaca a eficácia da terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda o indivíduo a identificar e modificar os pensamentos e comportamentos associados ao jogo. Essa abordagem também auxilia na gestão dos impulsos e na resolução de problemas subjacentes, como o estresse ou ansiedade que podem levar ao vício.Além da terapia, o apoio de grupos como Jogadores Anônimos é fundamental no processo de recuperação.
Faltou um planejamento e uma articulação maior entre a área econômica do Governo e a área da saúde, além de campanhas informativas e também uma articulação nacional para coibir o jogo promovido por esquemas criminosos”, alerta Eduardo. Apesar de muitas pessoas com o vício acharem que podem parar sozinhas, geralmente não conseguem. Assim como em outros vícios, é preciso pedir ajuda, contar com apoio terapêutico e da família e amigos para interromper o ciclo. Ao escolher uma plataforma para apostar, é igualmente importante optar por sites que ofereçam recursos de autoexclusão e limites personalizados. Uma lista atualizada e confiável de casas de apostas no Brasil pode ajudar o apostador a tomar decisões mais seguras e conscientes.
Com o apoio certo e o reconhecimento do problema, é possível retomar o controle da vida, resgatar a autoestima e construir um futuro livre do vício. Com as perdas financeiras significativas, o apostador tem sua saúde mental abalada, desenvolvendo ansiedade e depressão, além da constante dependência em apostar. Entre 2018 e 2024, levantamentos apontaram um crescimento assustador do volume de apostas virtuais, atingindo especialmente as classes D e E, com comprometimento já identificado de milhões de beneficiários do programa Bolsa Família.
A facilidade de acesso às apostas significa que não é mais necessário viajar até Las Vegas; agora, elas estão disponíveis na palma da mão, seja no escritório, no quarto ou no carro. Contudo, essa expansão traz à tona problemas graves, como o vício, o endividamento e os impactos nas relações familiares e na saúde mental, especialmente entre jovens homens. Este cenário se desenrola no âmbito da CPI - Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado Federal, popularmente conhecida como "CPI das BETS", instalada no final de 2024.
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